Um Feliz Natal com a Alma em sombra
Este Natal teve tudo para ser feliz.
Dias de Sol seguidos de dias de chuva bem benfazeja.
Os passarinhos a cantar no intervalo da chuva enquanto eu, entre a dúvida se estariam a queixar-se ou a agradecer a chuva, os ouvia com relevos de saudade de tempos que já nunca mais voltam, tempos em que a vida era mais simples.
O Natal repleto de amigos e família. De votos de Boas Festas, lançados amíude e de pronte devolvidos.
Os rituais que marcam a chegada da Luz ao Mundo.
Mas a Luz não penetrou em mim.
Os votos de Boas Festas eram sentidos mas como desejo último que nunca chegou, qual primeiro prémio de Euromilhões.
Regresso ao dia a dia tão ou mais na escuridão quanto fui "assistir" à chegada da Luz.
Procuro o contacto e não o acho.
Procuro uma razão para isto e não acho.
Cada vez mais me abandono à minha própria redundância, insignificância e desnecessidade.
Existo. Porquê? Não o sei. Esforço-me para acreditar que alguém o sabe, mas é cada vez mais difícil acreditar.